Planejamento é fundamental na busca por crédito

Entre os principais entraves na captação de recursos está a falta de um plano de negócios adequado

Algumas instituições têm linhas de financiamento especialmente destinadas a projetos de pesquisa, além de programas específicos de crédito para companhias de áreas, como as de software, tecnologia da informação e comunicação. Conforme levantamento do Sebrae, entre essas linhas estão as da Financiadora de Estudos e Pesquisa (Finep), de abrangência nacional, e as operadas pelas Fundações de Amparo à Pesquisa nos estados. Do segmento bancário, a entidade cita as do Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Nesta lista podem ser incluídos também o próprio Programa Sebrae de Consultoria Tecnológica (Sebraetec), que cobre até 90% dos custos do empresário com ações de inovação, e as linhas da Agência de Desenvolvimento Paulista (Desenvolve-SP) direcionadas às empresas pequenas de base tecnológica e perfil inovador. Valores, taxas, prazos e as formas de acesso a essas linhas, entretanto, não são uniformes e dependem das políticas de crédito de cada instituição, da organização das empresas e de quais são os projetos que se pretende financiar. “A experiência do empreendimento com desenvolvimento tecnológico é considerada para liberação do crédito, mas o principal para acessar as linhas é apresentar projetos viáveis e observar os demais critérios, como ter capacidade de pagamento, oferecer garantias e cumprir as exigências da instituição”, diz o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos. O executivo acrescenta que, em geral, proprietários de pequenos negócios enfrentam dificuldades para construir as propostas de projetos que devem ser apresentadas às instituições financeiras. “O ideal é que as empresas tenham contrapartida de pesquisa, ou seja, capacidade laboratorial e de investimento, além de equipe própria de pesquisa.” Geralmente, falta plano de negócio, o que dificulta o acesso ao crédito, endossa Helena Tenório Veiga, chefe do departamento de acompanhamento, inovação e conhecimento da área de planejamento do BNDES. “Nem sempre uma boa ideia ou invenção se transforma em inovação, que precisa chegar ao mercado, ser parte do negócio e da sobrevivência da empresa”, diz Helena, afirmando que a política do banco não é voltada para invenções puras e sim para fomentar a inovação e, em consequência, a competitividade das empresas brasileiras. Milton Luiz de Mello Santos, presidente da Desenvolve SP, afirma que os principais entraves são a falta de documentação e a desatualização cadastral das companhias. “Muitas pequenas empresas ainda não possuem uma gestão planejada e organizada. Planejar e manter a documentação em dia é muito importante, não só para acessar o crédito, mas para o crescimento sustentável.”

 

Novas linhas e aportes elevam a oferta
Cresce o número de programas que oferecem verba para o desenvolvimento de tecnologia

Henrique Manreza

O BNDES tem um leque com inúmeros produtos e, somando todas as linhas, os desembolsos direcionados à inovação totalizaram R$ 1,6 bilhão, em 2011, e nos primeiros sete meses deste ano, mais R$ 830 milhões. Isso sem mencionar os R$ 607 milhões desembolsados até julho deste ano pelos programas da Finep que, em 2011, atingiram um total de R$ 1 bilhão. A meta do banco para 2012 é de R$ 2,7 bilhões. Helena Tenório Veiga, chefe do departamento de acompanhamento, inovação e conhecimento da área de planejamento do BNDES, informa que para as empresas de até médio porte foram destinados R$ 195 milhões do total de 2011, perto de 25% mais do que o valor de 2010. Apesar de ficarem com uma parte menor, respondem pelo maior volume de operações: das 453 empresas que tiveram acesso a essas linhas no ano passado, 378 têm porte até médio, sendo que 326 são microempresas. Segundo a executiva, a faixa das companhias pequenas tem sido responsável por cerca de 7% dos desembolsos e 70% do número de operações. A Desenvolve SP, que iniciou operações em 2009, fechou o primeiro semestre de 2012 com carteira de crédito de R$ 456,6 milhões, crescimento de 109% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, a entidade não informa qual fatia foi emprestada às empresas menores inovadoras, mas está lançando um programa com três linhas de financiamento direcionadas as pequenas empresas paulistas com esse perfil, algumas com juros zero. “A linha Incentivo à Tecnologia está em operação, já a Incentivo à Inovação, que conta com subsídio do governo do estado, deve estar em funcionamento nas próximas semanas, e o Fundo Estadual de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcet) depende de um edital para entrar em operação, o que também deve ocorrer nas próximas semanas”, diz Milton Luiz de Mello Santos, presidente da Desenvolve SP. O diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, diz que o Sebraetec é o principal instrumento de apoio à inovação do Sebrae e o seu objetivo é levar soluções de inovação e tecnologia aos pequenos negócios brasileiros e ser instrumento de aproximação entre empresas e institutos tecnológicos. Entre 2010 e 2011, o projeto atingiu cerca de 60 mil empresas.